domingo, 6 de janeiro de 2013

Lermeose - Doença de peixe

O Que é a Lerneose ?
A lernea, ou “verme âncora”, como é conhecida no aquarismo, é uma doença muito comum na piscicultura de corte, mas que tem alta ocorrência também em peixes ornamentais. A Lernea é um importante ectoparasita que acomete a maioria das espécies de peixes, ou seja não tem especificidade pelo seu hospedeiro. É verdade que peixes de couro como os catfishes e ciprinideos como as carpas koi e os kinguios são mais susceptíveis.

Atualmente a Lernea encontra-se disseminada por todo o país, sendo responsável por sérios prejuízos econômicos, tanto para piscicultura de corte como de ornamento. Acredita-se inclusive que este parasita foi introduzido no Brasil através da importação de carpas da Hungria. Encontrando as condições favoráveis para o seu ciclo de vida disseminou-se rapidamente pelos rios, açudes e pisciculturas do Brasil.
Em lagos ornamentais são inúmeros os casos relatados de carpas coloridas e kinguios infestados por este parasita. As infestações ocorrem, na maioria das vezes, em épocas mais quentes do ano entre a primavera e o verão. Os aquaristas, ou proprietários de lagos ornamentais costumam relatar A Lernea como pequenos filamentos, ou fios aderidos na superfície do corpo dos peixes. Quando isto ocorrer fiquem espertos ! Pode ser lerneose !

Considerações gerais sobre a doença e o parasita.
Phylum Arthropoda
•Subphylum Crustacea
•Class Maxillopoda
•Subclass Copepoda
•Order Cyclopoida
•Lernaea sp. ("anchor worms, ou verme âncora")

A Lernea, ao contrário do que algumas pessoas divulgam inadvertidamente, não é um verme. É um crustáceo. No Brasil muitos aquaristas acreditam que seja um verme, porque vem da tradução em inglês para: “Anchor Worm”, verme âncora. Existem mais de 3000 espécies de crustáceos parasitas de peixes dos mais diferentes tamanhos e formas. O gênero Lernaea tem entre os parasitas mais populares a Lernaea cyprinacea.
Fêmea Adulta de Lernaea cyprinacea removida de um goldfish (Carassius auratus) proveniente de um lago ornamental

Este crustáceo é classificado comum copepoda. Existem ainda crustáceos parasitas branquiúros e isopodas, como o caso do Argulus “Piolho de Peixe” e Ergasilideos, respectivamente. Facilmente visível a olho nu, tem o seu corpo alongado. Na porção anterior uma âncora fixadora e na extremidade oposta dupla bolsa ovígera. A porção fixadora penetra na pele e musculatura do peixe causando lesões ulcerosas com pontos hemorrágicos e necrose da pele. Esta lesão predispõe o peixe a infecções bacterianas secundarias. Os peixes acometidos sofrem perda de peso e redução da taxa de crescimento. O quadro clínico é de maior gravidade em espécies de peixes pequenas e alevinos. Os prejuízos a saúde dos peixes são proporcionais a quantidade de parasitas fixados ao corpo. Condições especiais causam um aumento na taxa de mortalidade.
Ciclo de vida:
Apenas a fêmea adulta de lernea é parasita, sendo nesta fase hematófaga e por esta razão causa a já citada anemia no peixe hospedeiro. A grande maioria dos peixes infestados por estágios adultos de lernea (visível macroscopicamente) apresentaram também as formas infectantes (copepoditos) na pele e, principalmente nas brânquias. Estes resultados alertam para cuidados na aquisição de peixes ornamentais sem controle sanitário para lerneose. O cilco de vida da Lernaea sp. é complexo, pois envolve uma série de formas intermediárias que antecedem o estágio de adulto. A cópula e fecundação ocorrem na água durante a fase de vida livre do ciclo. Esta fecundação culmina com a morte do macho. A fêmea fecundada remanescente passa por um processo de metamorfose dando inicio a fase de vida parasitária. temperatura da água é um fator importante para a reprodução do parasita e início do parasitismo. Temperaturas na faixa entre 18 a 25°C são ótimas para a perpetuação do ciclo de vida. Desde da ovopostura da fêmea até o surgimento da forma infectante do ciclo de vida pode transcorrer algo próximo de 7 dias. As fases de vida passam dos estágios de náuplios e metanáuplios até copepoditos primário, secundário e copepodito infectante. A visualização das primeiras vesículas na superfície do corpo do peixe logo após a fixação da fêmea podem surgir a partir de 10 dias. A fêmea adulta fixada ao corpo pode levar entre 14 a 18 dias de acordo com a temperatura da água.

 
Sinais clínicos:
Clinicamente visualize o parasita invadindo a pele com sua porção anterior fixadora. Os locais mais propensos são as bases das nadadeiras e locais desprovidos de escamas. Os peixes parasitados pela lernea apresentam grande desconforto e irritação. Nas regiões de fixação do parasita há avermelhamento devido a hemorragias. Somente a fêmea adulta é parasita. Por ser hematófaga quando ocorre infestações intensas, ou acomete peixes de pequeno tamanho corporal causam um quadro de letargia. Os peixes ficam enfraquecidos devido a anemia. Formas intermediárias do cilco de vida (copepoditos infectantes) também são parasitas. Estes também causam ligeira irritação na pele e nas brânquias.
O surgimento de infecções bacterianas decorrente das lesões causadas pelo parasita e o quadro de anemia agravam o quadro clínico e aumentam as taxas de mortalidade.

Resumo dos sinais clínicos da lerneose:
  1. Presença de lesões avermelhadas e ulcerosas;
  2. Pontos hemorrágicos e necrose de pele com áreas de difícil cicatrização (porta de entrada para bactérias oportunistas);
  3. Perda de peso;
  4. Redução da taxa de crescimento;
  5. Alta taxa de mortalidade quando ocorre em alevinos;
  6. Anemia;
  7. Aspecto repugnante em infestações intensas
Diagnóstico: O diagnóstico de lerneose é muito fácil, podendo ser realizado macroscopicamente através da visualização da fêmea adulta fixada no corpo do peixe.


Visualização de Lernaea sp. em um jundiá (Rhamdia quelen)
Um dos grandes problemas relacionados ao diagnóstico da lerneose é a não visualização de sua forma infectante imediatamente anterior ao estágio adulto. Os copepoditos infectantes, como são denominados, só podem ser detectados através de exame parasitológico laboratorial executado por um profissional.
Assim, peixes são comercializados com grande risco de serem portadores deste parasita em suas formas intermediárias. Sem este controle, muitos kinguios e carpas kois são comerciazaliadas e disseminam a lerneose para aquários, lagos ornamentais e tanques de criação. Lojistas e aquaristas precisam estar conscientes sobre este problema. Quantos aquaristas já não compraram kinguios e carpinhas coloridas e passado algum tempo percebem a projeção de inúmeros filamentos no corpo de seus peixes?
É lernea !
E tarde demais !
Já está disseminada em seu lago, ou aquário.

 
Nota  : II - Lerneose (Verme Âncora) e Argulose (Piolho de Peixe) - por Dr. Rodrigo Mabilia - na 2ª parte desse artigo veremos uma matéria sobre o Argulus (o popular piolho de peixe)
Sugestão do Aquablog : Já existe no Mercado um produto extremamente eficaz, de origem alemã (encontrado em lojas de aquarismo) para o tratamento de Lernia e Argulus . Trata-se do Argulol - um produto da linha Sera Med Professional . Com duas únicas aplicações ele extermina qualquer sinal de lernia/argulus do seu lago, sendo que na primeira aplicação ele mata todos os parasitas que por ventura existam e na segunda ele destrói os parasitas novos, tendo em vista que existe um prazo para que os ovos alí existentes eclodam, gerando outros parasitas.

COMO CRIAR CARPAS EM AQUARIOS




INÍCIO

      Prepare o local que receberá as carpas para criação, como lagos rasos, para facilitar a observação dos peixes. Os alevinos devem ser adquiridos de criatórios com indicação, para assegurar o bom material genético do animal.

AMBIENTE

    As carpas vivem bem em qualquer região do país, pois suportam grande variação de temperatura. Contudo, a faixa ideal é entre 15 e 25 graus célcius. O local de criação pode ser um aquário ou um lago. Em propriedades rurais, o projeto é mais indicado pelo espaço que pode oferecer para a construção de viveiros escavados na terra. Escolha áreas com solos argilosos, recebimento de água por gravidade e por meio de caneletas e sistema de escoamento para o manejo fácil e rápido dos peixes.


VIVEIROS

    São distribuídos de acordo com cada etapa da criação. Para a reprodução, são necessários de dois a três viveiros com cerca de 50 metros quadrados. Devem ser respeitadas a densidade de um peixe para entre 2 e 4 metros quadrados de área de superfície e a proporção de uma fêmea para dois machos. Na fase de larvicultura e alevinagem, a recomendação é utilizar de quatro a cinco viveiros de 100 a 200 metros quadrados com água rica em plâncton - alimento natural - para eclosão dos ovos. Esses viveiros são utilizados em sistema de rodízio para eclosão dos ovos e crescimento das larvas por um período de 30 dias. Depois disso, os bichinhos são transferidos para os viveiros de alevinagem, de onde saem após 30 a 60 dias, com no mínimo 5 centímetros de comprimento. Em seguida, vem a fase de crescimento, que deve contar com quatro a seis viveiros de 500 a mil metros quadrados. Os peixes permanecem entre 90 dias e um ano, período que depende do tamanho desejado para as vendas.

ÁGUA 

      Apesar de ser um peixe pouco exigente quanto ao teor de oxigênio dissolvido na água, a carpa gosta de águas leves, com baixa concentração de sais. É imprescindível contar com boa disponibilidade de água de qualidade e com uma fonte que tenha vazão de, pelo menos, 2 litros por segundo.

ALIMENTAÇÃO

    As larvas se alimentam de plâncton - pequenos animais aquáticos. Na segunda semana, já aceitam ração em pó como suplemento, o que evita canibalismo e agiliza o crescimento. Com um mês de vida e cerca de 2 centímetros de comprimento, pode ser oferecida ração granulada; a partir do terceiro mês e 5 centímetros de comprimento, consomem ração extrusada, que deve ser fornecida, duas vezes ao dia, na proporção de 3% a 5% do peso vivo.

REPRODUÇÃO

    Usa-se o processo de reprodução induzida para a obtenção de alevinos para comercialização, porém, a desova natural, que ocorre em geral entre a primavera e o início do verão, é o procedimento mais comum entre os produtores rurais. Embora possam atingir a maturidade sexual no fim do primeiro ano de vida, o melhor período reprodutivo ocorre entre o segundo e o quinto ano. Uma fêmea de apenas um quilo pode produzir ao redor de 100 mil óvulos e desovar até três vezes durante um mesmo período reprodutivo. Cordas de náilon desfiadas e amarradas podem ser utilizadas para servir como base para a aderência dos ovos, que eclodem três dias após a fecundação.